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Resumo comentado do livro: O Investidor Inteligente, Benjamin Graham

Atualizado: 7 de mai. de 2022



No artigo de hoje, apresentarei os principais tópicos e conhecimentos adquiridos por meio da leitura do livro “Investidor Inteligente”, de Benjamin Graham. É consenso no mercado financeiro que esse é um dos melhores livros já escritos sobre o assunto. A primeira edição do livro foi lançada em 1949, mas passou por várias atualizações ao longo do tempo. Graham é considerado o pai do Value Investing, tendo sido mentor do maior investidor da atualidade, que é ninguém menos que Warren Buffet.

Logicamente, o livro é baseado na cultura americana e é preciso entender que lá se tem outra realidade no que tange a economia, taxas de juros, de inflação e etc. Além disso, a última versão do livro é da década de 1970, então, também, é preciso cautela na interpretação integral dos argumentos apresentados, levando-se em conta o lapso temporal. Outro fator que merece um comentário inicial é o fato de ser uma leitura densa, pesada e técnica em determinados momentos. Feita a devida introdução, bora lá!

Benjamim Graham e Seu Livro The Intelligent Investor
Benjamim Graham e Seu Livro The Intelligent Investor
INVESTIR X ESPECULAR

Logo no início do livro, Graham distingue investimento de especulação, e isso é muito importante pois muitos ditos “investidores”, na prática, agem como especuladores. Segundo ele, uma operação de investimento é aquela que, após análise profunda, promete segurança do capital investido e um retorno adequado. As operações que não atendem a essas condições são especulativas. É fundamental entender que uma das bases do processo de investimento de Graham é a paciência e que toda e qualquer operação focada em ganhos de curto prazo passa a ser especulativa com toda cadeia de riscos que uma especulação gera. Outro fator fundamental é entender que não podemos lutar contra dados estatísticos: sobreviver no mercado financeiro e continuar investindo no longo prazo é o caminho para maior sucesso. Nesse momento, Graham é muito feliz ao afirmar que o principal problema do investidor passa a ser ele mesmo, sua ganância e os fatores psicológicos envolvidos. Basicamente, ele elenca três fatores fundamentais e muito importantes:

  • Você deve analisar exaustivamente uma empresa e suas ações antes de comprá-la;

  • Você deve deliberadamente proteger-se contra prejuízos sérios;

  • Você deve aspirar um desempenho adequado e não um desempenho extraordinário.

Em suma, esses três conceitos lhe auxiliarão a comprar os melhores ativos, proteger-se contra grandes crises e, ao mesmo tempo, não cometer erros básicos motivados pela ganância.


COMPOSIÇÃO DE UMA CARTEIRA DE INVESTIMENTOS e o TIPO DE INVESTIDOR


Graham destaca um fator que entendo ser fundamental para um equilíbrio de carteira: saber identificar o perfil ideal que deve ser alocado em títulos e ações. De modo que, caso a alocação ideal fosse 50% em Renda Fixa e 50% em Renda Variável, de tempos em tempos se a carteira oscilar para, por exemplo, um percentual 60/40 o ideal é que seja feito o devido rebalanceamento para vender o que está em alta e comprar o que está em baixa. Esse processo de rebalanceamento entre as classes deve ser feito em intervalos regulares, sendo de 6 em 6 meses um tempo ideal.

O autor também nos apresenta o conceito do Investidor Defensivo e o Investidor Empreendedor (Arrojado). Basicamente, o tipo de investidor está ligado diretamente ao perfil de risco desse investidor. Isso porque, segundo ele, devemos ter um mínimo de 25% em ações até um máximo de 75%. Portanto mesmo o investidor mais arrojado terá títulos dentro do seu portfólio de investimentos indo contra uma falácia e tendência que se vende hoje na internet de uma alocação de 100% dos recursos em renda variável. Além disso, ele cita também que um investidor defensivo deve também ter uma parcela de exposição à renda variável e seu objetivo deve ser buscar retornos medianos e não extraordinários. Para o investidor defensivo, a melhor maneira de se expor a ações será por meio de um ETF ou de fundos de investimentos. É sabido que esse tipo de alocação para o investidor em geral trará os melhores retornos. Para fazer a escolha de ações diretamente, devemos migrar para o perfil de investidor empreendedor, entretanto é fundamental entender que esse perfil irá requerer alto conhecimento técnico e bastante tempo para conseguir fazer uma análise adequada de cada empresa e na montagem do portfólio como um todo.

O INVESTIDOR INTELIGENTE E O SR. MERCADO

Esse capítulo é uma das melhores partes do livro e merece o devido destaque. Para explicar melhor como funciona a volatilidade e as alterações de preço do mercado, o autor apresenta uma descrição do que é o mercado acionário na prática: um sujeito que oscila diariamente entre um otimismo exagerado em relação à realidade e um sentimento de depressão que beira o apocalipse. Esse sentimento, totalmente emocional, pode mudar abruptamente, da noite para o dia. Ele argumenta que tomar decisões de investimentos baseadas nessas oscilações de humor do senhor mercado é tornar-se escravo de seu jogo. Ao invés disso, o investidor inteligente deve fazer negócios com o senhor mercado na medida em que ele atenda aos seus interesses. Ou seja, não deixe que as emoções do senhor mercado interfiram em suas decisões de investimento. Deve-se usar elas em benefício próprio.

O exemplo que ele dá é o seguinte: imagine que você possui uma participação pequena em uma companhia de capital fechado que lhe custou R$ 1.000,00. Um de seus sócios, chamado Sr. Mercado, é de fato muito prestativo. Todo dia ele lhe informa o que pensa ser o valor de sua participação e, além disso, dispõe-se a comprar de você ou vender a você uma participação adicional naquelas ações. Às vezes, sua ideia de valor parece plausível e justificada pela evolução e pelas perspectivas do negócio da forma como as conhece. Por outro lado, o Sr. Mercado deixa frequentemente o entusiasmo ou o receio tomar conta dele e o valor proposto por ele lhe parece pura bobagem. Mas a pergunta que fica é: se você é um investidor prudente ou um empresário inteligente, deixaria as comunicações do Sr. Mercado influenciarem sua opinião sobre o valor da sua participação na companhia? Só se você concordasse com ele ou então desejasse negociar com ele; se não, por que você faria isso? O mercado acionário funciona exatamente como o exemplo citado.


AÇÕES DIRETAMENTE, ETFs ou FUNDOS?

A escolha de ativos do investidor empreendedor é um processo bem difícil e deve ser feito com foco numa análise forte dos indicadores da empresa e do seu setor. Jamais se deve montar uma posição de alocação sem ter exaustivamente analisado a empresa, seus números e sua operação. Inclusive, mesmo após isso, é fundamental respeitar a relação entre preço e valor. Existem muito boas empresas que podem estar caras, mas existem boas empresas que por alguma irracionalidade de curto prazo possam estar descontadas de seu valor intrínseco. Parafraseando Warren Buffet: “preço é o que você paga, valor é o que você leva”.

Para o investidor empreendedor algumas questões são importantes e devem ser seguidas à risca.

A análise de uma empresa deve, segundo o autor, respeitar 7 itens:

  • Tamanho adequado;

  • Uma condição financeira suficientemente forte;

  • Dividendos ininterruptos por, pelo menos, 20 anos;

  • Nenhum déficit de lucro nos últimos 10 anos;

  • Crescimento decenal de, pelo menos, um terço nos lucros por ação;

  • Preço da ação por no máximo 1,5 vez o valor do Patrimônio líquido;

  • Preço não superior a 15 vezes os lucros médios.

Esses itens basicamente são um checklist que ele utilizava para determinar de início se faria sentido comprar ou não uma ação. Como podem ver, a resposta desses itens não é tão simples de ser alcançada, pois requer de fato uma profunda análise dos dados da empresa. É muito mais difícil montar uma carteira eficiente do que se parece. E aí que entra a questão dos fatores psicológicos: em média um investidor que tenta sozinho montar uma carteira de investimentos acaba tendo resultados muito piores do que se tivesse simplesmente comprado algum ETF ou Fundo de Ações diretamente. Isso acontece pois esse investidor pode perder o timing de compra e venda de determinado ativo, além de, provavelmente, não conseguir montar uma carteira bem diversificada e em proporções ideais. Além disso, temos a seguinte constatação: na grande maioria das vezes esse investidor falha no seu processo de análise. Por isso que, em média, investir por meio de ETFs ou de fundos gerará os melhores resultados. Entendido isso, como selecionar os fundos nessa infinidade de opções que existem? Para aumentar a probabilidade de acerto são elencados 5 tópicos:

  • Seus gestores são os maiores acionistas;

  • Eles têm taxas adequadas, são baratos;

  • Eles ousam ser diferentes (compare a carteira do fundo com o Índice, se forem muito similares procure outro fundo);

  • Eles fecharam a porta, os melhores fundos com frequência são fechados a novos investidores;

  • Eles não se promovem, a fama vem pelo seu desempenho e resultado.

Esses são itens fundamentais que, se realizados antes da devida alocação, teremos mais base para podermos de fato prosseguir com a alocação.


MARGEM DE SEGURANÇA

Os passos e checklists que citei acima não são uma fórmula para ganhar dinheiro sempre, mas eles aumentam a probabilidade de sucesso tanto para o investidor defensivo quanto para o arrojado. Ao aumentar a nossa probabilidade, estamos exercendo e construindo o conceito de Margem de Segurança que Graham cita em seu livro. Duas regras fundamentais, muito popularmente difundidas por seu mais famoso seguidor, Warren Buffet, são as seguintes:


Regra número 1: não perca dinheiro.

Regra número 2, não esqueça a regra número 1.


Ao controlar os próprios ânimos e impulsos, com o objetivo primordial de não perder, o investidor inteligente estará bem posicionado para operar com margens de segurança que lhe garantam um desempenho satisfatório de sua carteira diversificada em longo prazo. Além disso, investir com margem de segurança significa comprar um ativo que se encontre devido a uma irracionalidade do mercado por um valor abaixo do que realmente vale. Mesmo após uma análise detalhada, você pode errar na sua análise, tal como os próprios Graham e Buffet já erraram. A grande questão é que adquirir ações que estejam de fato descontadas de seu valor real aumenta e/ou cria uma margem maior de segurança e tolerância para erros. Portanto, sempre tenha a sua margem de segurança ao realizar um investimento.


CONCLUSÃO


O investidor inteligente no final das contas não é aquele investidor que busca retornos agressivos e exponenciais, mas sim aquele que consegue lidar com a inteligência emocional associado a uma grande capacidade de análise. Ademais, consegue permanecer “jogando” até o final. Buscar ganhos desproporcionais pode dar certo em algum momento, contudo irá, sem dúvida alguma, expor você a um risco extremamente desnecessário que é o risco de ruína.

Em seu posfácio, Graham cita a experiência que ele e seu sócio tiveram ao longo de suas vidas enfatizando que o melhor é sempre privilegiar a segurança e a cautela em vez de tentar ganhar todo dinheiro do mundo. Sempre tomaram o cuidado para evitar tudo que parecia super valorizado e eram um tanto apressados em se desfazer de ações que haviam subido a níveis não mais considerados atraentes.


Em suma, as principais dicas se resumem a:

  • Respeite seu perfil de risco;

  • Busque ganhos moderados e constantes;

  • Invista na sua capacidade de análise de ações ou escolha bem a quem delegar essa missão;

  • Não corra jamais o risco de ruína financeira e tenha uma margem de segurança;

  • Faça rebalanceamentos periódicos.

De qualquer modo, lembro aqui, por fim, que por mais que eu tentasse resumir a obra e sua essência, a leitura do livro é muito importante para uma completa compreensão e absorção da sabedoria de um dos maiores investidores da história, espero que tenham gostado.

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Stefano Tremea

Stefano Tremea, CFP®

Consultor autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Certified Financial Planner (CFP) certificado pela Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar) e habilitado junto à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Possui mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós-graduado em Planejamento Financeiro e Finanças Comportamentais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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